Parece que o Brasil está despertando do seu sono profundo. Eu sinto isto, inexplicavelmente, como um pressentimento. Como o zunido das abelhas na colmeia. Sons de asas em movimento em alta velocidade. Sons dos ventos nas copas das árvores. Pressentimento.
A mídia é o zunido da abelha. É o vento que faz a folha cantar. E a mídia brasileira está mostrando as cruéis realidades do Brasil. O descompasso do setor público, a gastança desenfreada de dinheiro em besteiras, as armaduras das corporações que se protegem, em detrimento do povo. Que olha aturdido e escandalizado. Há um zunido no Brasil.
Tenho visto se falar em altos salários, abusivos, gratificações indevidas, falcatruas de todo jeito, infernização federativa nas câmaras de vereadores, assembleias, autarquias quebradas, mesmo de cidades com menos de mil habitantes. O princípio da repartição é o mesmo. A repartição de recursos para parlamentares de todos os níveis vindas de repasses constitucionais, fundos e outros convênios, para pagamento de salários e assessores.
Quando tudo poderia ser calculado, a partir dos recursos arrecadados na competência de cada ente federativo.
Vi estes dias o Presidente do SEBRAE Guilherme Afif Domingues, propor uma alteração constitucional, que os repasses para as Câmaras de Vereadores fossem, apenas, daquilo que é competência municipal arrecadar. Um artigo único na lei. E mais nada.
E se fosse entrando nas entranhas do monstro, que virou o Brasil, entrando como um vírus, um drone voando por dentro das veias do nosso país, para olhar como se gasta o dinheiro público, descaradamente.
Estes zunidos são recentes. E estão aumentando a ira das abelhas. E é grande a quantidade de eleitores inconformados. As eleições do Estado do Amazonas, agora, recentemente, mostrou a imensa quantidade de eleitores que não se manifestaram nenhum interesse em votar.
Há inconformados. São muitos. E o que querem os inconformados?
Muita coisa que não se falava, agora, a mídia está mostrando as chagas abertas deste Brasil falido. Ninguém quer perder “os seus direitos adquiridos”. Direito adquirido e a coisa julgada, a irredutibilidade do salário – sei lá, coisa do diabo, para um país quebrado. Há um rastilho de pólvora aceso na fiação entre os muros das casas.
Ainda, tem o Poder Legislativo (Congresso Nacional) que ainda não ouve o zunido das abelhas. E nem o restilho de pólvora por debaixo do chão. Direito adquirido que é maior que o direito de todos. Coisa julgada que é maior que o direito de todos. Irredutibilidade do salário que é maior que o direito dos desempregados.
Humm!
Mas, pelo que sinto e vejo, meu pressentimento, o povo avança contra tudo isto. Ainda movido pelos sonoros movimentos da mídia nacional. Que está criando coragem de falar e mostrar. Porque o Brasil tem que caber dentro do Brasil. Que o dinheiro arrecadado tem que ser suficiente para pagar as contas do Governo. E honrar seus compromissos e fazer investimentos.
E por motivos e outros semelhantes houve a Revolução Francesa, contra abusos da monarquia e do clero.
Creio que o Congresso Nacional está no seu melhor momento para fazer e escrever a nova história do Brasil. Do Brasil real. Do Brasil lascado. Falido. Injusto. Violento. Se o Congresso não fizer, agora, a sua parte, pouco ou nada adiantou o grandioso trabalho da Polícia Federal e do Juiz Sérgio Moro. É como já disse e escreveu Hélio Jaguaribe – Brasil, Reforma ou Caos.