Quinta-feira, 31 de dezembro de 2015 - 18h36
Neste último dia do ano, ponho-me a pensar no tempo como o conhecemos, dia, mês e ano. Assim criamos a possibilidade de calcular de certo modo nossa estadia neste planeta; não fosse isso, seríamos inocentes como os animais, sem a mínima ideia da idade que temos, sem a inquietação de saber que estamos passando tão rapidamente como os anos. E a cada ano que termina a humanidade celebra: mas celebra o quê, especificamente? Mais um ano vivido?
Em minha juventude, eu celebrava por celebrar, aproveitava o clima festivo, tão propício aos arroubos da mocidade, sem parar para pensar no motivo da celebração, afinal a chegada de um ano novo por si só era promessa de prováveis grandes emoções.
Lembro-me que no Bairro Caiari, onde morávamos, as famílias saíam de suas casas à meia-noite e se cumprimentavam calorosamente; até as donas de casa que a gente mal via ao longo do ano inteiro apareciam na rua para os cumprimentos, bem penteadas, arrumadas com seus melhores vestidos... E eu ficava embevecida com a cena: minha mãe abraçando os vizinhos da rua inteira, todos muito felizes, confraternizando: que viesse o futuro!
E o futuro para mim era a felicidade! Quando se é jovem, quase nada a gente teme, o futuro é sempre promissor e a vida da gente passa longe das dores do mundo. Que deliciosa ilusão!
Na maturidade, tudo se transforma, e a gente se dá conta de que a cada ano que passa nossa vulnerabilidade aumenta; se o indivíduo costuma refletir sobre a vida, surge a consciência da finitude de tudo, inclusive da própria; e essa consciência transforma seu olhar sobre seu mundo, sobre o mundo de seu país, sobre o mundo do estrangeiro, sobre o modo como a humanidade se “organiza” em função do poder e da riqueza. E cada um de nós, rico ou pobre, independentemente do lugar na pirâmide social, continua passando, pois o tempo é implacável para todos os seres vivos, tanto para a família rica de americanos, que vive rodeada de conforto e luxo, quanto para a família dos infelizes imigrantes sírios cujos filhos inocentes perecem enfrentando o mar revolto.
O último dia do ano costuma ser assustador para mim; querendo ou não dou de cara com os fantasmas que me assombraram ao longo dos doze meses; refiro-me aos acontecimentos ruins que me entristeceram em alguns momentos, felizmente poucos, porque o que me assombra mesmo, nesta fase da vida, é o temor do desconhecido; do plano pessoal, meu pensamento vai para o coletivo: é difícil acreditar que nosso país vive crise de tamanha proporção! Até outro dia, ouvíamos promessas em campanha eleitoral de que o Brasil seria uma potência econômica, tamanha era sua ascensão!
Deixando de lado os temores, cultivo o pensamento de que há que se viver com alegria. É tempo de agradecer o que somos e o que temos, desde a saúde possível até os recursos materiais, muito ou pouco. Que nos deixemos contagiar pelo clima festivo dos fogos de artifício à meia-noite, pelos abraços das pessoas que nos amam e pelos votos de felicidades dos amigos: que venha o futuro! Feliz Ano Novo a todos!
Brava gente brasileira/ Longe vá, temor servil/ Ou ficar a Pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil/ Ou ficar a Pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil/ !!!!
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