Segunda-feira, 24 de outubro de 2016 - 05h03
247 - Em mais um capítulo da disputa dos Poderes no Brasil, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) criticou o uso político da Lava Jato e defendeu o projeto de lei contra abusos dos agentes público. Para Gilmar Mendes, a Lava Jato é mesmo um marco na história, mas não justifica a "canonização" das decisões do juiz Sergio Moro, responsável pela operação em primeira instância. Gilmar considera que a operação vem sendo usada "oportunisiticamente" para defender privilégios do Judiciário, do Ministério Público e de outras corporações. As declarações foram feitas à jornalista Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
"A Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção. Ela colocou as entranhas do sistema político e econômico-financeiro à mostra, tornando imperativas uma série de reformas.
Agora, daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância.
É preciso escrutinar as decisões e criticar métodos que levam a abusos. Eu mesmo já votei em favor da concessão de habeas corpus e defendo limites temporais para as prisões preventivas. Da mesma forma, as chamadas dez medidas têm que ser examinadas com escrutínio crítico. Medidas propostas como iniciativa popular não têm que ser necessariamente aprovadas pelo Congresso", afirmou.
Os supersalários e as aposentadorias do Judiciário também foram alvos da metralhadora de Mendes.
"A AGU (Advocacia-Geral da União), a Receita Federal, a PF também fazem o discurso de que os salários deles têm que ser elevados porque são combatentes da corrupção. Isso se tornou estratégia de grupos corporativos fortes para ter apoio da população.
É uma esperteza midiática. Não tem nada a ver com a realidade. Os juízes todos estão agora engajados no combate à corrupção? São 18 mil Sergios Moros? Sabe? No fundo estão aproveitando-se oportunisticamente da Lava Jato."
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