Terça-feira, 30 de maio de 2017 - 05h02
Frei Betto
A grita “Fora Temer” é geral. A única exceção é o grafiteiro que, em letras garrafais, escreveu no muro do cemitério: “Dentro Temer”...
Enquanto o governo acelera seu pacote de maldades, adornado com as reformas trabalhista e previdenciária, o povão torce o nariz (71% contra a reforma da Previdência) e as pesquisas eleitorais, de olho em 2018, apontam os candidatos preferidos, com Lula na cabeça.
Antes de debater quem sucederá a Temer, convém decidir se os eleitores vão cantar desde agora, com Vandré, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, ou ficarão de braços cruzados diante da eleição para o Congresso e, em 2019, escutarão deputados e senadores fazerem eco a Belchior: “Ainda somos os mesmos!”
Sim, há que se iniciar a campanha eleitoral hoje! Contudo, sem o erro de se centrar em nomes de possíveis candidatos. O que importa é a proposta que encarnam. Em que medida são confiáveis para efetivar o projeto de Brasil com o qual sonhamos.
Debater nomes, e não propostas, é ceder ao fisiologismo ou ao descabido messianismo. A esquerda brasileira, fragilizada pela falta de ética de alguns de seus líderes e pelos equívocos do governo do PT, não logrará eleger o presidente em 2018 se não fizer autocrítica, redefinir-se diante das questões éticas e unir-se em torno de uma proposta programática corrente.
Se assim não for, o Brasil corre o risco de ver na presidência um simulacro de Temer. E ainda que isso ocorra, se a esquerda não tiver projeto será induzida ao desânimo e ao esfacelamento, como ocorreu na Europa após a queda do Muro de Berlim.
Há militantes de esquerda que, apegados fisiologicamente a seus partidos, buscam de fato na vitória eleitoral uma oportunidade de alçar a bons empregos na máquina pública. Esses são prescindíveis. Imprescindíveis são os que lutam por transformar radicalmente as estruturas do país e conquistar a democracia de fato.
Ora, esses últimos são os que mantêm vínculos orgânicos com os movimentos sociais e procuram organizar a esperança. Não bastam manifestações de protesto e mobilizações de repúdio. Sem propostas, trabalho de base, formação política, a esquerda no governo correrá o risco de agarrar o violino com a mão canhota e tocar com a direita...
Mais importante do que vencer uma eleição é tornar viável um projeto histórico. E isso requer muita resistência e persistência.
Frei Betto é escritor, autor de “Reinventar a vida” (Vozes), entre outros livros.
Copyright 2016 – FREI BETTO – Favor não divulgar este artigo sem autorização do autor. Se desejar divulgá-los ou publicá-los em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, entre em contato para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária (m[email protected]) / http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto
Pertenço à geração que teve o privilégio de fazer 20 anos nos anos 60: Revolução Cubana, Che, Beatles, Rei da Vela, manifestações estudanti
Democracia e valores evangélicos
No tempo de Jesus, a questão da democracia já estava posta, porém apenas em uma região distante da Palestina: a Grécia. Dominada pelo Impér
Eleitores nem sempre votam com a razão. Muitos votam com a emoção.
O cardeal polonês, de 55 anos, é o principal assessor do papa