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Falta de gestão e discussão sobre o uso múltiplo das águas é o principal entrave para a expansão das hidrovias no País, diz consultor



É importante distinguir que as ferrovias e as rodovias são levadas a polos em desenvolvimento ao passo que as hidrovias criam os polos. Foi o que afirmou o professor José Wagner Ferreira, diretor de Logística de Transporte na Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projetos, ao palestrar na 5ª Reunião do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central, nesta sexta-feira (6), no Palácio Rio Madeira, sede do governo de Rondônia, em Porto Velho. Ferreira abordou o tema Logística: A importância de hidrovias como solução estratégica para os entes consorciados do Brasil Central, ocasião em que apontou a falta de gestão eficiente como a maior dificuldade ou deficiência das hidrovias brasileiras, com planos de ações, via de regra, reativos e não proativos.

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Professor José Wagner Ferreira, diretor de Logística de Transporte na Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projetos

O professor lembrou que há quatro anos o governo federal apresentou o Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNIH) com um estudo detalhado sobre as hidrovias brasileiras e a indicação de áreas propícias para instalações portuárias. Segundo estudo, o sistema hidroviário deverá absorver 238 milhões de toneladas ou 11% do volume de cargas que circulará na área de influência de cada bacia. O plano, que também apresentou levantamento de potenciais áreas para implantação de novas hidrovias, portos e terminais logísticos, no interior do País, com dados importantes para a elaboração das políticas públicas para o setor, revela ainda que até 2030 o Brasil deverá ampliar em 50% sua malha hidroviária, saindo dos atuais 20 mil quilômetros para 30 mil. Mas isto, segundo o Wagner Ferreira, pode ser impossibilitado em função da dificuldade de gestão de projetos.

Para ele, outro problema está na hierarquização do uso das águas. E nesta disputa “as hidrovias estão espremidas entre os poderosos lobbies dos setores automotivos, do óleo e gás; e o elétrico, e sendo a navegação interior o elo mais frágil desta cadeia, a raiz do problema está na falta de uma discussão mais aprofundada sobre o uso múltiplo das águas e a consequente falta de hierarquização da utilização do recurso. Isso acarreta uma falta de confiança no sistema”.

Ainda segundo o professor, os projetos em análise atualmente ou em construção pecam por não definirem uma regra clara sobre o uso múltiplo das águas, e isso se deve à falta de gestão. “Temos uma agência par o sistema elétrico [Aneel] e outra para água [ANA], mas não se conversam”, criticou, completando que, além disso, existe a dificuldade de conciliar a política ambiental brasileira, “que é cega e restritiva, com a necessidade da nossa infraestrutura para transportar a nossa riqueza e puxar o desenvolvimento do País. Nossos netos, as futuras gerações, nos cobrarão por isso”.

Ele citou a Hidrovia Tietê/Paraná como a experiência mais audaciosa do Brasil, feita por “teimosia”, e que também é um caso trágico da falta de gestão, quando foi interrompida a navegação, prejudicando projetos estruturais, como o da Transpetro de transporte de etanol.

O professor acredita que com a força do Consórcio seja a hora de melhorar a gestão nos moldes da TVA (Tennessee Valey Authority, nos Estados Unidos; e da CNR (Compagnie National du Rhone), na França.

Citando o professor Adriano Murgel Branco, considerado a maior autoridade brasileira em navegação interior, de que “não somos guiados por impulsos, mas sim por colapsos”, Wagner Ferreira defendeu um programa de ação para explorarmos plenamente o potencial da navegação interior, apontando cinco estratégias. A primeira é um amplo estudo do mercado para inserção do transporte hidroviário; seguido da introdução tecnológica na frota para reduzir o consumo de combustível fóssil; qualificação de pessoal; divulgação das potencialidades do modal; e priorização da infraestrutura para aumentar a competitividade do transporte por vias navegáveis pelo interior.

Em à parte, o governador Confúcio Moura disse que com planejamento Rondônia poderia chegar à Bacia do Prata a partir dos rios Mamoré e Guaporé. Trata-se da segunda maior bacia hidrográfica do Brasil, que se estende pelo Uruguai, Bolívia, Paraguai e Argentina.
 

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Fonte
Texto: Veronilda Lima
Fotos: Ésio Mendes
Secom - Governo de Rondônia

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