Sábado, 20 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

Educação indígena avança com especialização, internet, professores premiados e ativação do conselho estadual


Gente de Opinião

Sabedores indígenas auxiliam escolas, repassando-lhes conhecimentos tradicionais

Em 119 escolas espalhadas por 14 municípios de Rondônia, 3,6 mil alunos de 54 povos indígenas se identificam melhor, mantêm a língua materna e, ao mesmo tempo, adquirem os saberes do terceiro milênio via satélite.

“Todas as escolas com energia elétrica ganharão internet, facilitando a formação online e o ingresso no Diário Eletrônico da Seduc; em mediação tecnológica, Guajará-Mirim iniciou com o 1º ano e prepara a expansão”, adiantou o coordenador do Ensino Indígena Antônio Puruborá.

Vinte novas escolas serão construídas em 2018. Também serão editados livros e cartilhas em língua materna/Português.

No primeiro mês de 2018, Puruborá e a gerente de modalidades temáticas especiais (*) Ana Lúcia da Silva Silvino Pacini alinham as conquistas do ano passado e preveem como será este ano. Atualmente, há 195 professores níveis A (participantes do Projeto Açaí) e B (Açaí mais curso intercultural na Unir).

“Rondônia foi o primeiro estado a contratar por concurso público professores com nível superior; antes, a Bahia contratou apenas os de nível A”, destacou Puruborá. Até agora são duzentos contratados.

Na terceira versão, o Projeto Açaí deverá formar mais cem até o final de 2018. Dos dez módulos, sete foram concluídos. “A formação continuada de indígenas e não indígenas permitirá o crescimento do projeto e melhor qualidade”, afirmou Ana Lúcia Pacini.

Segundo ela, a medida possibilita que o professor antes aprenda a respeito da história, cultura e tradições de cada povo, e não apenas quando chega à aldeia.

Atualmente, a gerência de modalidades projeta com a Seduc a criação de uma equipe gestora em coordenadorias regionais de educação, visando ao apoio pedagógico aos professores. A equipe será formada por diretor, supervisor e secretário. Guajará-Mirim, por exemplo, tem 30 escolas em funcionamento. A Procuradoria Geral do Estado definirá a devida gratificação parta supervisores.

Vinte novas escolas serão contempladas com investimentos do convênio entre a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e a Usina Jirau, abrangendo áreas do povo uru-eu-au-au ao kaxarari e aldeias de Guajará-Mirim e Nova Mamoré.

O estímulo impulsiona a equipe. Vencedora do Prêmio Educador Nota 10, a professora Elizângela Dell-Armelina Suruí, da aldeia Nabekod Abadakiba, mesclou o estudo da língua portuguesa e da língua de seu povo. O professor Alexandre Suruí produziu o trabalho “Respostas para o amanhã”, resgatando plantas medicinais; e os alunos Oikolalap Sulivan Suruí e Charles Oywewamê Suruí, apresentaram na Feira de Rondônia de Científica de Inovação e Tecnologia (Ferocit) o alisante natural para cabelos, que criaram após o estudo da planta Pãrha sihn.

“O desenvolvimento da educação indígena com políticas públicas é fato notório na gestão compartilhada unindo professores e lideranças, uma vitória do governo estadual” – Antônio Puruborá

 

Pouco depois desse resgate aconteceu em dezembro a posse de 22 sabedores e 14 técnicos indígenas dedicados a conhecimentos tradicionais, cujos resultados beneficiarão exclusivamente aldeias em todo o estado. Havendo apoio oficial, poderão ser compartilhados com outras regiões do País.

“Este é o diferencial que o governo proporciona, incluindo ainda a escrita e a história que são passadas para novas gerações”, comentou Puruborá.

Seis camionetes atendem as aldeias e mais oito serão adquiridas este ano, junto com barcos para o transporte fluvial de pessoas e equipamentos. Os carros facilitarão o acesso às aldeias para entrega de alimentos, materiais diversos e a assessoramento pedagógico aos professores em Cacoal, Extrema, Jaru, Ji-Paraná, Nova Mamoré, Ouro Preto do Oeste e São Francisco do Guaporé.

E o comprometimento maior com as etnias rondonienses subirá mais um degrau em fevereiro próximo, quando será instalado o Conselho Estadual Indígena com 15 membros indicados para deliberar sobre políticas públicas no setor.

Gente de Opinião

Ana Lúcia e Puruborá: boas perspectivas para 2018

“O desenvolvimento da educação indígena com políticas públicas é fato notório na gestão compartilhada unindo professores e lideranças, uma vitória do governo estadual”, disse o coordenador.

Por haver instituído o concurso público no setor, Rondônia tornou-se referência nacional. Puruborá participará da mesa especial que debaterá o tema na conferência nacional no próximo dia 22 de março, em Brasília. Anteriormente, ele participou de outras em Pesqueira (PE) e Florianópolis (SC).

Quinze aldeias escolheram delegados e dos aproximadamente 300 que representaram suas comunidades na Conferência Estadual Indígena, 30 irão a Brasília.

 (*) Modalidades Temáticas Especiais abrangem quilombolas, indígenas, especiais, prisionais. educação de jovens e adultos e temas transversais [ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, trabalho e consumo e pluralidade cultural]
 

Leia mais
Educação indígena concorre a prêmio nacional sobre plantas medicinais
Uma aula na língua Oro Nao na Aldeia Deolinda
Conheça o Diário Eletrônico, que agora também atenderá escolas indígenas
MEC avalia educação indígena em Rondônia


Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Jeferson Mota e Seduc
Secom - Governo de Rondônia

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSábado, 20 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Do “cemitério de processos” à fedentina forense, advogados penavam

Do “cemitério de processos” à fedentina forense, advogados penavam

Muito antes das modernas sedes do Fórum Criminal de Porto Velho e do Tribunal de Justiça de Rondônia, a história da rotina de atendimento no antigo

Aplicativo revelará conduta afetiva em casos psicológicos ou de violência

Aplicativo revelará conduta afetiva em casos psicológicos ou de violência

Um aplicativo de fácil acesso popular para o registro de antecedentes de conduta afetiva, em casos de violência de natureza física ou psicológica fo

Processos sumiam com facilidade no Fórum da Capital

Processos sumiam com facilidade no Fórum da Capital

Numa caótica organização judiciária, apenas duas Comarcas funcionavam em meados dos anos 1970. A Comarca de Porto Velho começava no Abunã e terminav

Filhos lembram de Salma Roumiê, primeira advogada e fundadora da OAB

Filhos lembram de Salma Roumiê, primeira advogada e fundadora da OAB

A exemplo de outras corajosas juízas e promotoras de justiça aqui estabelecidas entre 1960 e 1970, a paraense Salma Latif Resek Roumiê foi a primeir

Gente de Opinião Sábado, 20 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)