Quinta-feira, 18 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Mundo - Internacional

Alemães comemoram 25 anos da reunificação do país


Aline Moraes – correspondente da Agência Brasil/EBC

Gente de Opinião

Einheitmannchen, os homenzinhos da unidade
Aline Moraes – correspondente da Agência Brasil/EBC

Há 25 anos, um acontecimento histórico marcou a juventude da cientista alemã Vanessa Stauch. Ela tinha 14 anos quando a reunificação do país se tornou realidade. “Foi um dia muito importante para mim. Eu sempre me perguntava por que a Alemanha havia sido dividida em duas e eu não podia entender, provavelmente porque eu era muito jovem para compreender os motivos por trás disso. Mas eu fiquei muito feliz”, conta ela.

No dia 3 de outubro de 1990, milhares de alemães, do Leste e do Oeste, celebraram a  mudança em frente ao Portão de Brandenburgo, em Berlim. Final e oficialmente, a Alemanha voltava a ser uma só, após mais de 40 anos dividida em República Federal da Alemanha e República Democrática Alemã.

A queda do Muro de Berlim, quase um ano antes, em novembro de 1989, foi o marco que iniciou o processo de reunificação. Um tempo de intensas negociações políticas dentro e fora da Alemanha. A mais importante delas foi o acordo com os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a França e a Grã-Bretanha, as quatro potências que haviam vencido a Segunda Guerra e mantinham não só a Alemanha, mas o mundo dividido. O Tratado Dois Mais Quatro, assinado em setembro de 1990, e que devolveu a soberania à Alemanha, é considerado um dos documentos mais importantes da História mundial.

“A unificação, até hoje, é algo especial para mim. E para o país. Ainda não é normal ser um só Estado”, opina o jornalista Markus Dobstadt, 50 anos. Ele nasceu em Bonn, antiga capital da Alemanha Ocidental, e vive em Frankfurt, cidade-sede das celebrações oficiais do 3 de outubro este ano. Uma das atrações foi a instalação artística Einheitmännchen (algo como homenzinhos da unidade), criado pelo artista alemão Ottmar Hörl.

São mais de mil bonecos de plástico, de 40 centímetros cada um, inspirados nos Ampelmännchen, característicos dos semáforos para pedestres no Leste. Uma das poucas invenções da antiga República Democrática Alemã que sobreviveram e se tornaram parte da cultura do país.

Preto, vermelho e amarelo – as cores da bandeira alemã – aparecem só aqui e ali. A maioria dos homenzinhos é, na verdade, verde. A intenção, segundo Hörl, foi mostrar que o sinal está livre e que é possível seguir em frente, transpor fronteiras e promover mudanças. Mas, 25 anos depois, a pergunta persiste: ainda existem diferenças entre Leste e Oeste?

Gente de Opinião

Prof.Daniela GrunowAline Moraes
– correspondente da Agência Brasil/EBC

A principal delas é estrutural, segundo a socióloga Daniela Grunow, da Universidade de Frankfurt. Durante a reunificação, as empresas estabelecidas sob o regime comunista faliram e isso gerou efeitos de longo prazo na economia e na questão do emprego. “Claro que, ao longo dos anos, foram feitos muitos investimentos no Leste, mas ainda existem grandes diferenças. Em parte, isso tem a ver com o fato de que grandes porções da Alemanha Oriental são mais rurais, e não é muito fácil estabelecer com sucesso indústrias nessa região”, explica Grunow.

Segundo estudo publicado em julho deste ano pelo Instituto Berlim para População e Desenvolvimento, a taxa de desemprego nos estados do Leste é quase duas vezes maior do que no Oeste: 11,6% ante 6,7%. E quem está empregado costuma ganhar menos: o equivalente a três quartos do salário médio nos estados do Oeste.

Como resultado, o êxodo de um lado para o outro, principalmente de jovens, é um dos principais desafios pós-reunificação. Para a especialista, um bom caminho para atrair pessoas e gerar crescimento é manter a estratégia de investir em instituições educacionais de alto nível também no Leste, como as renomadas universidades em Dresden e Leipzig. “Eu acredito que educação é um dos principais recursos na Alemanha como um todo”, diz Grunow.

Estereótipos negativos que surgiram na Alemanha dividida também persistem. É o que se costuma chamar de o muro na mente das pessoas. A alemã Vanessa Stauch diz acreditar que existem, sim, diferenças entre alemães do Leste e do Oeste, “assim como há diferenças entre os do Norte e do Sul. Diferenças culturais e de mentalidade existem, mas a nossa geração cresceu junta”, diz Stauch. O sentimento é de que esse outro muro, pouco a pouco, está deixando de existir.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 18 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Especialistas apontam erro grave de Lula na comparação entre conflito Israel-Hamas com Holocausto

Especialistas apontam erro grave de Lula na comparação entre conflito Israel-Hamas com Holocausto

A recente comparação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre o conflito entre Israel e Hamas e o Holocausto gerou fortes reações, tant

Demanda histórica, ponte internacional de Guarajá-Mirim tem edital lançado: conexão entre Brasil e Bolívia

Demanda histórica, ponte internacional de Guarajá-Mirim tem edital lançado: conexão entre Brasil e Bolívia

Considerada um dos destaques do Novo PAC para a região Norte, a ponte rodoviária que fará a ligação entre Brasil e Bolívia, pela BR-425/RO, está c

Sebrae RO abre 2ª Chamada para Missão Internacional em Barcelona

Sebrae RO abre 2ª Chamada para Missão Internacional em Barcelona

Considerado o principal evento internacional para cidades, o Smart City Expo World Congress 2023 acontece na primeira quinzena de novembro em Barcel

Ponte internacional Brasil-Bolívia terá edital de licitação lançado em novembro pelo Ministério dos Transportes

Ponte internacional Brasil-Bolívia terá edital de licitação lançado em novembro pelo Ministério dos Transportes

Importante para fortalecer a integração sul-americana, a ponte rodoviária que ligará Brasil e Bolívia, na BR-425/RO, está mais perto de se tornar re

Gente de Opinião Quinta-feira, 18 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)