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Temer refuga pressões para abandonar Dilma


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Tereza Cruvinel

Michel Temer está reagindo com a conhecida serenidade, temperada por racional frieza, às pressões para que abandone a coordenação política do Governo: embora ouvindo muito e falando pouco, os mais próximos asseguram que ele não fará, agora, qualquer movimento para levar a crise política à temperatura máxima, aquela que exige soluções radicais.

Temer teve uma boa conversa com Dilma logo que ela voltou dos Estados Unidos. Nela a presidente reiterou que atuará pessoalmente, ao longo de julho, junto aos diferentes ministérios, para que sejam cumpridos todos os acordos firmados pelo vice para garantir as votações do ajuste fiscal. Tais acordos envolvem nomeações e liberações de verbas orçamentárias. O ministro Aloysio Mercadante, além da nota que divulgou ontem, enaltecendo o trabalho de Temer, depois de Cunha ter sugerido que ele deixe a coordenação política, está atuando internamente no governo para remover os entraves ao cumprimento dos acordos feitos com a base parlamentar.

Na avaliação interna do governo, a crise pode ter um momento de distensão em julho, logo que o Congresso e também o Judiciário entrarem em recesso. Isso acontecerá em uma ou duas semanas, logo que o Senado aprove a MP que reduz a desoneração da folha salarial das empresas e o Congresso vote a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, um pressuposto para o início do recesso. Ao longo dele, haveria uma pausa na pancadaria política que Dilma poderia aproveitar para se fortalecer tomando algumas iniciativas ou até fazendo mudanças importantes no Governo para reverter a percepção negativa do momento. Seu protagonismo pode crescer enquanto os outros poderes descansam.

As pressões sobre Temer não partem apenas de Eduardo Cunha ou do PMDB do Rio, embora o presidente da Câmara é que tenha proposto que ele deixe a coordenação política. Fez isso ainda com o sangue quente do embate que teve com o PT e partidos de esquerda horas antes, na votação da maioridade penal. A pressão vem também de peemedebistas de outros estados que, considerando o governo "acabado", acham que o PMDB deve se descolar logo dele e trabalhar pela "solução final" para a crise política. Dizem eles, agora, que o compromisso de Temer foi apenas o de ajudar a aprovar o ajuste fiscal, esforço que está chegando ao fim.

Chamemos de "solução final" as três modalidades em disputa pelo afastamento de Dilma da Presidência. Dois dias antes de pedir a saída de Temer da coordenação política, Eduardo Cunha lançou a tese da mudança do sistema de governo para o parlamentarismo, embora dizendo que não seria para agora, e sim para depois de 2018. Mas ele e seus aliados estariam apostando na mudança imediata como saída para a crise. Dilma continuaria presidente, com poderes de chefe de Estado, e o governo seria assumido por um primeiro-ministro parlamentar. Quem seria ele? Claro, Eduardo Cunha, o homem mais forte da Câmara. Mas há muitos quinhentos nesta fórmula. Só um plebiscito poderia autorizar a mudança, e não uma destas emendas constitucionais que têm sido aprovadas pelo rolo compressor de Cunha.

– E você, o que ganharia para prestar este serviço a eles – diz ter perguntado a Temer um peemedebista da corrente contrária.

Há duas outras apostas contra Dilma, como já registrado aqui. A do PSDB, agora explicitada pelo senador Cássio Cunha Lima, joga na impugnação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, que levaria à realização de novas eleições presidenciais, com Aécio candidato. O pais pegaria fogo numa campanha radicalizada e a crise econômica seria turbinada.

E existe a hipótese mais convencional, em que Dilma seria penalizada por crime de responsabilidade no julgamento de suas contas. Neste caso, Temer é que assumiria.

Mas nenhum destes processos terá desfecho no curto prazo. A apreciação das contas de campanha pelo TSE ainda levará tempo, devendo observar um rito, que inclui o direito de defesa. E as contas de governo, depois das explicações ao TCU para as irregularidades apontadas pelo relator, serão julgadas pelo Congresso, e isso, só no segundo semestre.

Mesmo se Temer resolvesse abandonar Dilma, isso não surtiria efeito agora, com o semestre legislativo se encerrando. A ingovernabilidade de apresentaria, em toda a sua gravidade, mais adiante, quando o governo perdesse completamente a capacidade de administrar o país e tocar sua agenda legislativa. Por isso há quem veja no movimento de Cunha uma tática defensiva. Se vierem acusações contra ele, no âmbito da Lava Jato, estará em guerra com o PT e o governo e debitará a ele as acusações.

Certo é que, pelo menos agora, o vice-presidente não fará a ninguém o obséquio de ampliar a crise política.

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