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Passado e Presente: Jornais do rio Madeira até o Alto Madeira


Passado e Presente: Jornais do rio Madeira até o Alto Madeira - Gente de Opinião
Dante Ribeiro da Fonseca

A liberdade de expressão, os direitos civis e a urbanização como expressões típicas da modernidade encontram uma de suas manifestações no jornalismo. Essa afirmação, contudo, deve ser relativizada no Brasil entre o Segundo Império e a Primeira República. Nessa época, os direitos civis não passavam de uma fantasia e a liberdade de expressão uma abstração. No Brasil, a modernidade se diluía, em meio ao arcaísmo de nossas instituições sociais. Contudo, de um fenômeno não podemos desvincular o jornalismo em qualquer época, a cidade, e esta ao comércio.

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Os raros exemplares dos jornais do rio Madeira, do século XIX até a segunda década do século XX, mostram que esse crescimento comercial nas vilas e cidades do rio Madeira era ainda limitado à pequena população urbana e, talvez, aos poucos sítios agrícolas próximos. A clientela rural dos seringais não se servia do comércio urbano próximo, mas do barracão do seringal. Da limitação do comércio local derivava a limitação dos seus jornais: pouca população urbana e poucos leitores.

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Salvo engano, a ser apontado por melhores pesquisas, o primeiro jornal do rio Madeira, “Commercio do Madeira”, foi criado em Manicoré  no ano de 1884, semanal e órgão especial do comercio. Apesar do título,  apenas três notícias ligadas ao comercio local no quinto exemplar desse jornal: anuncia gratificação pelo paradeiro de um comerciante que explorou uma padaria e taverna naquela cidade; informa que a loja de João Francisco Dias & Cia. (coronel e proprietário também do jornal) recebeu pelo vapor Marajó tecidos e artigos de armarinho para homens, mulheres, crianças e gêneros de alimentação; a terceira informa os artigos à venda no estabelecimento comercial de Pedro Luiz Sympson: vestuário, cama e mesa, gêneros alimentícios, armas, munições e ferramentas, bebidas, papelaria e tabacaria.

Em 1887 surgiu a “Gazeta de Manicoré”, órgão do partido conservador. Pelo número de 16 de janeiro de 1887, soubemos da existência de um médico residente na povoação e um advogado. Ainda nesse mesmo número anuncia os últimos preços dos produtos na praça do Pará. Dentre esses, alguns artigos da produção do rio Madeira: azeite de andiroba, borracha fina, entre fina e sernambi, castanha da terra (do Pará?), couros, cumaru; estopa de castanheira, guaraná, óleo de copaíba, tabaco do sertão, ucuúba, manteiga de tartaruga, mixira  e pirarucu seco. Alguns desses gêneros eram produzidos na vazante nas sazonais feitorias do rio Madeira, como a da praia do Tamanduá, onde se produzia manteiga de tartaruga, mixiras. Também em feitorias para a salga do pirarucu. Eram certamente destinados aos mercados consumidores locais, inclusive urbanos, pois eram nessa época gêneros de alimentação diária na Amazônia. Outros porém, certamente obtidos na praça de Belém para o abastecimento do rio Madeira como: farinha de mandioca e o sabão de cacau.

Em 1891 foi fundado na cidade de Humaitá o jornal semanal “Humaythaense” que ainda circulava em 1912. Por iniciativa da Madeira & Mamoré Railway Co. surgiu em Porto Velho em 1909 o jornal The Porto Velho Times, escrito em inglês. Em 1912, em Santo Antônio do Rio Madeira, pertencente ao município mato-grossense de mesmo nome, foi instalado o jornal “O Extremo Norte”. Naquele ano iniciou a irremediável decadência do negócio da borracha, derrotada pelas plantações inglesas do oriente. No ano da instalação do município de Porto Velho,  1915, surgiu aqui seu primeiro jornal: “O Município”, que depois foi comprado por políticos e empresários locais e assumiu o nome de “Alto Madeira” em 1917.

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Euro Tourinho do jornal Alto Madeira


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