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José Carlos Sá

SUGESTÃO DE LEITURA: 150 anos do nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon


 


Reproduzo artigo assinado pelo general de Brigada Carlos Roberto Pinto de Souza, comandante de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército Brasileiro, sobre o marechal Cândido Rondon, cujo aniversário de 150 anos de nascimento será comemorado dia 5 de maio. O texto está publicado no blog do Exército.

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(Fotos Blog do Exército / Projeto Rondon)


150 anos do nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon

24 de abril de 2015

Nascido há cento e cinquenta anos, em 5 de maio de 1865, na Sesmaria do Morro Redondo, em Mimoso, no estado do Mato Grosso, Cândido Mariano da Silva Rondon, filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina de Freitas Evangelista da Silva, perdeu os pais muito cedo e foi criado em Cuiabá, pelo tio, de quem herdou e incorporou o sobrenome “Rondon”. Seis meses antes, em dezembro de 1864, iniciavam-se os primeiros combates do maior conflito armado da América Latina, a Guerra da Tríplice Aliança, que levaria brasileiros, argentinos e uruguaios a terçar lanças com as tropas invasoras paraguaias de Solano Lopez. Foi nesse turbilhão de eventos políticos e de embates de heróis como Caxias, Osorio, Sampaio, Mallet, Villagran, Severiano da Fonseca, Antônio João e tantos outros, que nasceu o futuro Patrono das Comunicações, explorador, construtor de linhas telegráficas, protetor dos indígenas, que ao todo percorreu mais de 100.000 quilômetros de sertão, através de picadas na floresta, caminhos, estradas e rios.

Órfão, oriundo de uma família de poucas posses, optou pela carreira militar, incorporando como soldado, em 1881, no 3º Regimento de Artilharia a Cavalo, em Cuiabá. Como outros jovens, num Brasil de raras oportunidades de ascensão social, viu no Exército a perspectiva de construir seu futuro profissional, ingressando dois anos depois na Escola Militar da Praia Vermelha.

Em 1886, entrou para a Escola Superior de Guerra onde assumiu um papel ativo no movimento pela proclamação da República. Fez o curso do Estado Maior de 1ª Classe e foi promovido a alferes, em 1888. Graduou-se como bacharel em Matemática e em Ciências Físicas e Naturais e participou dos movimentos abolicionista e republicano. Em 1889, Rondon participou da construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá, assumindo a chefia do distrito telegráfico de Mato Grosso, e foi nomeado professor de Astronomia e Mecânica da Escola Militar, cargo do qual se afastou em 1892. Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e da Bolívia.

Em 1907, começou a construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antônio do Madeira, era a Comissão Rondon, sua obra mais importante. A comissão do Marechal foi a primeira a alcançar a região amazônica. Nesta mesma época estava sendo feita a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto à Comissão Rondon favoreceu a ocupação e integração do que hoje é o estado de Rondônia. Foram realizados levantamentos cartográficos, topográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos da região percorrida nos trabalhos de construção das linhas telegráficas. Por sua contribuição ao conhecimento científico, recebeu várias homenagens e muitas condecorações de instituições científicas do Brasil e do exterior.

“A construção da linha telegráfica foi o pretexto. A atividade de exploração cientifica foi tudo” disse o antropólogo Edgard Roquette-Pinto. Rondon foi convidado pelo governo brasileiro para ser o primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPI), criado em 1910, foi incansável defensor dos povos indígenas do Brasil. Ficou famosa a sua frase: “Morrer, se preciso for; matar, nunca.”

Entre 1º de outubro de 1924 e 12 de junho 1925, exerceu o comando das tropas legalistas que recalcaram os tenentes rebelados (Tenentismo), liderados pelo General Isidoro Dias Lopes, em Santa Catarina e Paraná, até as barrancas do rio Paraná. Foi diretor de Engenharia do Exército e, após sucessivas promoções, chegou a general-de-divisão. Em 1930, solicitou sua passagem para a reserva do Exército. Nos anos 40 tornou-se presidente do Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), cargo em que permaneceu por vários anos.

O reconhecimento da obra de Rondon extrapolou as fronteiras do Brasil. Teve a glória de ter seu nome escrito em letras de ouro maciço no Livro da Sociedade de Geografia de Nova Iorque, como o explorador que penetrou mais profundamente em terras tropicais, ao lado de outros imortais como Amundsen e Pearry, descobridores dos pólos Norte e Sul; e Charcot e Byrd, exploradores que mais profundamente penetraram em terras árticas e antárticas.

Em 1955, o Congresso Nacional conferiu-lhe a patente de marechal, e, no ano seguinte, o então estado de Guaporé, passou a ser chamado de Rondônia em homenagem ao seu desbravador. Faleceu, no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958, aos 92 anos.

A tenacidade, a dedicação, a abnegação e o altruísmo, atributos marcantes de sua personalidade, o fizeram merecedor, com indiscutível justiça, do título de Patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro, sendo sua data natalícia tomada como o Dia Nacional das Comunicações.
Gen Bda CARLOS ROBERTO PINTO DE SOUZA
Comandante de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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