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Cleuber Pereira

Vida sustentável e os créditos de carbono


Cochá News

Por Cleuber Rodrigues Pereira

Enquanto os especialistas em todo mundo discutem as questões ambientais na expectativa de criar modelos de produção e vida sustentável, com experiências de sucesso principalmente na produção de alimentos, as nações e as grandes empresas que mais poluem o mundo mascaram seus atos e não apresentam concretamente as medidas que dizem estarem introduzindo em suas práticas de gestão e nos projetos para aliviar sua consciência, em atendimento aos compromissos firmados no Protocolo de Quioto.

Há anos (2004) eles dizem que executam um projeto para manutenção da área coberta da floresta, que se sustenta na aquisição, por eles, dos créditos de carbono. É um pedido de desculpa feito com dinheiro, que ainda não foi devidamente formalizado, eis que aqueles que preservam e mantêm a flora e fauna de suas propriedades ainda não viram a cor da grana desses poluidores arrependidos. O objetivo do Protocolo de Quioto é de que os maiores (países) poluidores reduzam em pelo menos 55% suas emissões de gases de efeito estufa, medida que passaria a ter valor econômico com o chamado Crédito de Carbono. “O trem virou uma troca suja: Eu continuo poluindo, mas pago para os pobres (o terceiro mundo) preservar”.

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Esta cantada e recantada política de recomposição do planeta conhecida como Crédito de Carbono, em outras palavras, é uma espécie de certificado que é emitido quando há diminuição de emissão de gases que provocam o efeito estufa e o consequente aquecimento global em nosso planeta. Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser produzido.

Este projeto pretende estimular pequenos e grandes produtores a eliminar práticas ultrapassadas de produção de alimentos, que são nocivas ao meio ambiente, assim como conter a aberturas de novas áreas para agricultura e pecuária, com a utilização racional das áreas que já foram abertas e estão abandonas (capoeiras). Assim, eliminando as queimadas e mantendo as florestas intactas elas deixam de produzir o dióxido de carbono (CO2) e outros gases responsáveis pela destruição da camada de proteção da terra, que provocam o efeito estufa que aos poucos tem elevado a temperatura da terra, gerando gradativamente um ambiente impróprio à vida.

O CULPADO É O BOI

Quando se fala de outros gases é preciso lembrar que o gás metano expelido e disperso na natureza através da flatulência (pum), arroto e fezes dos bovinos são tão nocivos quanto a derrubada de florestas para formação das pastagens que os alimentam, e já ocupa o terceiro lugar entre os fatores que causam o aquecimento global, com 16% da emissão de todos os gases de efeito estufa produzido no planeta, só perdendo para a queima de combustíveis fósseis e de florestas. Estudos indicam que o “pum” do boi é tão devastador que pode ser comparado a um desastre de ação continuada com possiblidade remota de recomposição. O Governo precisa repensar sua política de incentivo à produção de carne para exportação, e cada cidadão brasileiro deve refletir sobre sua postura, visto que ao consumir a carne bovina está contribuindo diretamente com a criação de gado, e por conseguinte, patrocinando a produção desses gases tão prejudiciais à natureza e à vida na terra.

Desta forma quando o agricultor faz uma queimada ou quando uma boiada inteira arrota e dá “pum”, os gases gerados e exalados vão direto à camada de ozônio provocando sua deformação, e por consequência a vulnerabilidade da terra que fica desprotegida.

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Camada de ozônio é uma área da estratosfera (altas camadas da atmosfera, de 25 a 35 km de altitude) que possui uma elevada concentração de ozônio. Esta camada funciona como uma espécie de filtro, um escudo protetor para o planeta Terra, pois absorve cerca de 98% da radiação ultravioleta de alta frequência emitida pelo sol. Sem esta camada a vida humana em nosso planeta seria praticamente impossível de existir.

Para se ter ideia da importância da preservação do planeta, em 1983, pesquisadores fizeram uma descoberta que gerou muita preocupação: “havia um buraco na camada de ozônio na área da estratosfera sobre o território da Antártica”. Este buraco era de grandes proporções, pois tinha cerca de 10 milhões de quilômetros quadrados. Na década de 1980 outros buracos de menor proporção foram encontrados em vários pontos da estratosfera. Com o passar do tempo, estes buracos foram crescendo (principalmente o que fica sobre a Antártica), sendo que em setembro de 1992 chegou a totalizar 24,9 milhões de quilômetros quadrados. É de espantar caro leitor.

E aí, aqueles que continuam destruindo e maltratando a natureza com a desculpa que vão pagar bem pelos créditos de carbono, sentam-se sobre as próprias caudas e emperram suas decisões, enquanto os produtores rurais, que também têm a obrigação de zelar da natureza, esperam receber por aquela parcela que deixou de produzir, para preservar em nome dos poluidores – é claro que para esta situação existem definições mais sofisticadas e acabadas, mas no fundo esta é a verdade.

Cochá News entrevistou vários produtores rurais, pequenos e grandes, que há pelo menos seis anos firmaram contratos e eliminaram, por completo, as práticas de derrubadas, a caça e a pesca em suas propriedades, mas que até hoje não viram a cor do dinheiro dos “poluidores”.

A situação é esta. O que importa é que a promessa contratual, mesmo não sendo cumprida, acabou gerando, à força, a formação de uma cultura preservacionista em uma pequena parte deste universo formado os produtores rurais, principalmente na Amazônia, esta matriz universal de vida, colossal em biodiversidade e que por isso atrai o que presta e o que não presta de todas as partes do planeta. É, portanto, importante refletir sobre a necessidade de se diminuir o consumo da carne, substituindo a churrascada por peixe, preferencialmente, e ficar de olhos abertos naqueles que se arvoram gananciosamente sobre a Amazônia, principalmente.


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