Sábado, 20 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Dom Moacyr

Igreja a serviço do povo de Rondônia!


 
“Eu vim para servir” (Mt 10,45): esta frase pronunciada por Jesus é o lema da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade”.

São também as palavras dirigidas ao povo de Deus da Arquidiocese de Porto Velho por Dom Esmeraldo Barreto de Farias, neste momento em que é transferido para a Arquidiocese de São Luiz do Maranhão, pelo papa Francisco:

Peço a graça de Deus para que, seguindo aquele que proclamou “eu vim para servir e não para ser servido” (Mc 10,45), possa viver os próximos anos, como seu humilde servo, auxiliando o arcebispo de São Luís do Maranhão, para onde o Espírito de Deus me envia. São Paulo, escrevendo à comunidade cristã presente em Corinto, expressa a sua convicção de que a obra é de Deus. Ele nos chama e nos dá forças para levarmos adiante a missão na qual nos consagra constituindo-nos servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus (1Cor 4,1). Ele é fiel (1Cor 1,9) e pede aos seus servos que sejam fiéis (1Cor 4,2). Nesta confiança e certeza de que a obra é de Deus, nos colocamos no seguimento a Jesus Cristo para que, na força do Espírito Santo, possamos ser servos não importando o lugar e o ministério que nos seja confiado por Ele.

Ao agradecer o trabalho e a dedicação de Dom Esmeraldo junto a Arquidiocese, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca seu espírito missionário:

Dom Esmeraldo traz do berço o nome que sempre caracterizou a preciosidade simples de seus gestos, palavras e ações. Em pouco tempo, já percorreu uma longa estrada: paróquias, seminário, dioceses, Comissão Episcopal da CNBB, orientação de retiros para os bispos em assembleia geral, para padres, seminaristas, religiosos, religiosas. Tudo com a marca registrada do discipulado missionário. Sempre pronto, próximo, serviçal e alegre, mesmo com a saúde em permanente estado de atenção. Seus irmãos bispos, Dom Esmeraldo, se já o admirávamos e lhe queríamos tanto bem, doravante teremos um afeto ainda maior, pois o senhor continua fazendo-se menor: “Eu vim para servir” (CF 2015).

Feliz o povo que o teve como pastor. Feliz Dom Belisário, Vice-Presidente da CNBB, que o terá como irmão muito próximo. Felizes as irmãs e irmãos da Arquidiocese de São Luís que poderão saciar-se com seu sempre atencioso carinho de irmão e de pai. A CNBB agradece sua dedicação em favor de todo o povo da Arquidiocese de Porto Velho. A Virgem Maria da qual o senhor é tão devoto, alcance do seu filho Jesus as bênçãos necessárias para os bons frutos de seu ministério.

Além do zelo pastoral, gostaria de destacar duas características de Dom Esmeraldo: sua fortaleza e a humildade, buscando sempre harmonizar o ministério da misericórdia com a autoridade, a mansidão com a força, o perdão com a justiça (AS 42-43). Deixa-nos o exemplo de colegialidade episcopal, de serviço à unidade e à comunhão eclesial. Ao Senhor Jesus que assiste sempre a sua Igreja e seus ministros, oramos por Dom Esmeraldo, para que, em sua nova missão apostólica, o Senhor lhe dê forças (Fl 4,13) e seja sempre apoiado pela inabalável esperança (1Cor 15,58; AS 230).

“Eu creio que este é o tempo da misericórdia” disse o papa após sua viagem ao Brasil. Para encerrar as celebrações do jubileu do Concílio Ecumênico Vaticano II, o papa anunciou a promulgação de um Ano Santo da Misericórdia. Será um Jubileu Extraordinário que irá começar no dia 8 de dezembro terminando na festa de Cristo Rei (novembro/2016).

Aproximando-nos, cada vez mais, do Tríduo Pascal, ocasião para a qual temos nos preparado nesta Quaresma, a liturgia nos coloca no horizonte da entrega de Jesus, como sinal de obediência ao amor do Pai (Hb 5,7-9). Jesus é ouvido pelo Pai; ele sabe que Deus está com ele. No 1° domingo da Quaresma esboçou-se a luta de Jesus contra o poder do mal. Hoje, ao aproximar-nos da Semana Santa, descobrimos a arma com a qual Jesus venceu seu adversário: a obediência no amor até o fim.
Ao sinalizar a obediência de Jesus, a liturgia nos convida ao engajamento de nossa própria vida ao serviço de amor (Jo 12,20-33), caminhando com alegria na mesma caridade que levou Jesus a se entregar por amor ao mundo. Dessa maneira, manifestaremos ao mundo a graça de sermos contados entre os membros do Corpo de Cristo, como convite para que toda humanidade possa gozar da aliança definitiva com o Senhor, que nos salva (Jr 31,31-34).

Encontramos o tema da aprendizagem divina no Miserere (Salmo 50), inspirado em Jr 31: pede um coração novo, um espírito puro. Exprime com acerto a aspiração que animou o “tempo de quarenta dias”, que vai para o fim. Só falta ainda a etapa final da aprendizagem (de Cristo e de nós): a morte na cruz.

Na hora da completa angústia, Jesus reconhece a vontade de Deus, não como algo terrível, mas como glória, ou seja, o íntimo de Deus revelando-se no amor de seu Filho para os seus: “Pai, glorifica teu nome”. Também nossa vocação, na Nova Aliança, é: conhecer Deus de perto, do modo como o aprendeu Jesus. ”Se o grão de trigo não morrer na terra, fica só, mas se morre, produz muito fruto”. É a “lei do grão do trigo”, o modo de agir de Deus, a instrução da Aliança definitivamente renovada. Deus sabe que o endurecimento só é vencido pela vítima. Quando o adversário a quer abafar, a verdade do amor se afirma. É a força da flor sem defesa. A justiça se vê afirmada e vencedora na hora em que a violência a quer suprimir.

Os exemplos da “lei do grão de trigo” são muitos em nosso mundo e na América Latina, terra de justos martirizados pelos que se dizem cristãos. Pois essa lei vale não só para Jesus, mas também para seus seguidores: “Quem quer servir-me, siga-me, e onde estiver eu, estará também aquele que me serve, e meu Pai o honrará”. Eis a aprendizagem da nova Aliança, da “lei”, da instrução inscrita em nosso coração. Não é extrínseca, imposta de fora. Faz parte de nosso ser cristão, de nosso ser participante da vida de Cristo. Essa instrução como a ação escondida do grão na terra, deve frutificar em nossas atitudes políticas, culturais, humanitárias (Konings).

Domingo próximo vamos iniciar a Semana Santa celebrando o Domingo de Ramos e o dia da Coleta da Solidariedade (29/03). Nosso gesto fraterno da oferta tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida. A Campanha da Fraternidade nos envolve nessa grande responsabilidade de sermos servidores da humanidade. A Igreja espera que todos participem, oferecendo sua solidariedade em favor das pessoas, grupos e comunidades, pois “ao longo de uma história de solidariedade e compromisso com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da vida” (DGAE, n. 66).

O outro gesto concreto dessa Campanha é a coleta de assinaturas em prol da reforma política proposta pela CNBB e tantas outras entidades; merece nossa adesão, para fazermos da coisa pública um verdadeiro serviço à sociedade. A semana de Mobilização pela Reforma Política Democrática, que tem como meta alcançar 1,5 milhão de assinaturas, acontece em todo o país de 20 a 29 de março.

Na Constituição pastoral Gaudium et Spes, a Igreja expressou de modo claro a relação que existe entre a missão que lhe é própria e a responsabilidade que ela tem de colaborar com a sociedade. Consciente disso, ela atua em favor de tudo o que eleva a dignidade humana, consolida a coesão social e confere sentido mais profundo à atividade humana. A Igreja pensa que, por meio de cada um dos seus membros e por toda a sua comunidade, pode ajudar muito a tornar mais humana a família humana e a sua história. Convida a que não se oponham, infundadamente, as atividades profissionais e sociais, por um lado, e a vida religiosa, por outro. E adverte: o cristão que descuida dos seus deveres temporais falta aos seus deveres para com o próximo e até para com o próprio Deus, e põe em risco a sua salvação eterna (TB/CF n.220).

Hoje é um dia especial para o Seminário Maior São João XXIIII que completa 30 anos de sua fundação do Seminário Maior em nossa arquidiocese. A Missa em ação de graças será na Catedral Sagrado Coração de Jesus, neste domingo às 08h. Todos são convidados!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSábado, 20 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Pentecostes: Comunidades de rosto humano!

Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Páscoa do povo brasileiro - Por Dom Moacyr Grechi

Hoje reafirmamos a nossa fé na ressurreição de Cristo; somos uma Igreja Pascal. Na oração do Credo, proclamamos a ressurreição dos mortos e a vida ete

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

Verdade libertadora! Por Dom Moacyr Grechi

  A Igreja, convocada a fortalecer o povo de Deus na atual conjuntura, é chamada a estar ao lado daqueles “que perderam a esperança e a confiança no B

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

Lugar seguro para viver! - Por Dom Moacyr Grechi

  Diante do aumento da violência agrária que atinge trabalhadores rurais, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores artesanais, defensores de di

Gente de Opinião Sábado, 20 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)