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Renato Gomez

Crônicas da Nova Terra: As vestimentas



            Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, o espanto com as vestimentas dos índios talvez tenha sido um dos maiores impactos no choque das distintas culturas. E para os índios as vestimentas dos Europeus também devem ter causado algum impacto. Afinal, a maioria dos livros didáticos que narram estes fatos vêm de uma educação colonizada e trazem a visão dos portugueses sobre os índios e não o contrário.

            Na chegada dos Novos Humanos, não foi diferente. Foi espantoso ver que a evolução tecnológica não tem nada a ver com alguns aspectos culturais. Continuar com a vestimenta tribal não é sinônimo de primitividade para os aliens. Mas pra mim foi mais espantoso quando descobri que se vestiam de forma bem parecida com a nação indígena Mura que habitou a região amazônica no século XVIII, e da qual sou descendente.

            Descobri tal fato durante uma expedição a uma biblioteca abandonada, onde procurávamos livros para alimentar o nosso povo também de cultura. Encontrei uma edição antiga do livro Muraida, ou o triunfo da fé de Henrique João Wilkens. Wilkens era um militar português e participou da colonização da Amazônia. Muraida foi o primeiro poema épico escrito na Amazônia, porém sendo uma versão do colonizador apresenta uma visão deturpada dos Mura, uma vez que esses indígenas lutavam contra a colonização portuguesa. No meio do livro encontrei algumas fotos do povo que venho. Ironia do destino: o povo que hoje tenta nos colonizar se veste como o povo que um dia lutou contra a colonização.

            As roupas dos extraterrestres eram de características próprias, embora lembrassem as vestimentas dos meus ancestrais, eram de um material sintético, inclusive as pinturas corporais. Ou seja, eles adequaram as roupas aos recursos tecnológicos e ao convívio social, afinal as partes íntimas, diferente de meus antepassados, eram todas cobertas pelas vestes. Além disto, não andavam descalços, utilizavam chinelas do mesmo material das roupas.

            No último conflito, nossa surpresa foi inegável ao ver que os humanos estavam se vestindo exatamente igual aos Novos Humanos. Em todos os conflitos, buscávamos retirar os relógios dos “nossos” para libertá-los do controle mental. Identificávamos eles pelas vestimentas, ou seja, agora estamos em uma situação difícil. Conseguimos apenas nos defender dos ataques, mas não pudemos trazer nenhum humano para o nosso lado. A colonização deu um passo à frente.

            Em pensar que as características de roupas já foram símbolos das diferenciações entre as tribos. Seja as tribos indígenas, seja entre as tribos urbanas. Agora, os colonizadores conseguiram utilizar o recurso para ocultar essa diferenciação. Mas deve haver algum jeito de identificarmos humanos e Novos Humanos, pois do contrário, eles também se confundiriam. Vamos descobrir e igualar as passadas nessa luta contra a colonização da Nova Terra.

            Continua...

Renato Gomez

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