Quarta-feira, 20 de agosto de 2014 - 12h46
A propósito de esclarecer as reiteradas declarações distorcidas do prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif, sobre o rompimento do contrato de coleta de lixo, o diretor de operações do Grupo Marquise, Hugo Nery, empresa responsável pelo serviço, está na capital para uma série de entrevistas à imprensa. Nery tem deixado claro que partiu da empresa, e não da prefeitura, como tem dito Nazif, a iniciativa do distrato, isto é, do rompimento do contrato.
O executivo do Grupo Marquise explica que foram três os motivos principais que levaram à decisão dos controladores da empresa: atraso nos pagamentos, inclusão de serviços não previstos e resistência da prefeitura em reequilibrar o contrato. Segundo ele, o plano de trabalho previa a coleta mensal de seis mil toneladas de resíduos, mas está sendo coletado entre 10 mil e 11 mil toneladas, quase o dobro. Era para ser oito caminhões, mas a empresa mantém um parque com 26 caminhões, sendo 22 para operação e quatro reservas. “São serviços excedentes que geram um prejuízo de aproximadamente R$ 500 mil mensais”, enumera.
Nery explica que nos últimos dez anos os programas de transferência de renda do governo federal e, principalmente, a construção das usinas do Rio Madeira, que atraiu milhares de migrantes, mudaram o perfil de Porto Velho. “Houve aumento do consumo e, consequentemente, da produção de resíduos”.
Em função destas alterações de cenário, desde a gestão passada, do ex-prefeito Roberto Sobrinho, a Marquise vinha pedindo o reequilíbrio do contrato. “Não pedíamos o reajuste, que é obrigação contratual, mas sim, a reparação de fatores que causaram desequilíbrio no contrato. Além do atraso nos pagamentos, nossa situação foi agravada com a inclusão de serviços não previstos no plano de trabalho”.
De acordo com Hugo Nery, a decisão de entrar com ação na justiça pedindo o distrato foi tomada em março deste ano, depois de perceber que “não havia interesse da prefeitura em manter o contrato. O prefeito insistia que era possível reduzir nossos preços e não conseguimos avançar nas negociações porque não havia interesse da parte dele. Quando isso nos ficou claro, procuramos a justiça para o rompimento contratual, que foi mediado por um juiz e recentemente homologado”.
Aterro Sanitário
Outra questão que não avançou por culpa da prefeitura, mas que vinha sendo colocada na conta da empresa, diz respeito ao aterro sanitário. Hugo Nery explica que a prefeitura não conseguiu cumprir sua parte no contrato, que era entregar a área para construção com a documentação toda desembaraçada, com as respectivas licenças ambientais e operacionais. “A erradicação de lixões já estava prevista desde a lei de crimes ambientais, que é de 1993 e não só depois na lei dos resíduos sólidos. Nós sempre estivemos aguardando, com dinheiro em caixa para a construção, mas a prefeitura não nos deu as condições necessárias”, reclama Nery.
A saída da Marquise representa o fechamento de aproximadamente 300 empregos diretos e indiretos, sendo hoje uma das maiores empregadoras da mão de obra de refugiados haitianos.
Fonte: Valbran Jr
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