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Gente de Opinião

Paulo Saldanha

Quem sai da terra natal, em outros campos não pára


Há um provérbio que diz que “ninguém será profeta na sua própria terra”. Sob diversas formas é verdade verdadeira!

Afinal, quantos amazonenses, paraenses, potiguares, paraibanos, cearenses, capixabas, gaúchos, paranaenses, baianos, catarinenses, goianos e outros conterrâneos que, deixando suas regiões de origem, fizeram-se presentes aqui em Rondônia e, ultrapassando desafios, tornaram-se vencedores nestas paragens do poente.

Na outra vertente, quantos rondonienses, saindo da terra natal, em busca de melhores perspectivas, pedindo que Deus do Céu o ajudasse, chorando, fazendo figa, deixando namorada, amigos, irmãos, pai e mãe, avô e avó, rumaram em direção à conquista do próprio infinito e, chegando no Sul, abriram seus espaços nos campos profissionais escolhidos, mas, pensando em retornar, não voltaram?

Mas, as saudades bateram nas portas das suas lembranças e nos sinos dos seus corações... quantas vezes ante o excesso de solidão, abateram-se e choraram. Recordações que nem mitigavam a dor da partida e nem os consolavam porque a tristeza amplia a saudade que desemboca em lágrimas, rios de choro, tributários amargos da angústia.

Lembranças das águas barrentas, dos benjamins da praça, da batida do sino da igrejinha, dos papos e dos jogos com os amigos de infância, das festas e das gozações, da vida nesta fronteira, palco das histórias da sua geração, que vivenciaram.

Mas, depois de um tempo, já adaptado à nova sociedade que o acolheu transformou-se no herói de si mesmo, porque venceu aonde outros não prosperaram e ergueu noutra terra a bandeira de sua família, ampliando-a com um casamento que lhe trouxe os netos para os pais deixados saudosos nas terras mamorenses.

E ele, ficou de voltar, mas não voltou... Quem sai da terra natal, em outros campos não pára...

E há até uma justificativa: a falta de oportunidades no chão de origem, a vida encaminha o homem ou a mulher para a busca de novos desafios, nem sempre encontrados aonde vive; vai daí que, municiando-se com a couraça da coragem, vai à luta, ganha o “Ita do Norte”, embora carecedor de oportunidades que lhe vão sendo negadas, num primeiro momento, eis que um dia, as adversidades vão embora porque sobrou-lhe vergonha na cara e vicejou nele a intrépida vontade de vencer.

A insegurança e o medo são substituídos por uma energia chamada vontade férrea condutora da chama que o leva à vitória.

Há uma frase atribuída a Henri Ford que nos ensina: "Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam." Com efeito, se o desarrimo passar a alimentar a própria desesperança, jamais haverá um vento propício a deixar o navegante num porto seguro. Sêneca que me perdoe por tê-lo ressuscitado neste instante.

Existem mulheres e homens talentosos, mas a quem são negados reconhecimento e valorização, seja porque representam a virtude da humildade, seja porque, na convivência entre seus pares, não são descobertas nem a grandiosidade das suas ações e nem a multiplicidade de seus créditos como pessoa ou como cidadão, nem o elevado quilate do patrimônio moral e profissional que lhe sobram.

Afinal, acostumaram-se ao derredor a vê-los como uma peça da casa, do escritório, da oficina, da loja de comércio, ou do ambiente industrial ou religioso em que vivem. Há quem afirme que, a exemplo de José do Egito, um estranho poderá enxergar os atributos universais que, eventualmente, alguém de outra terra possui (ou da própria aonde vegeta), e aonde é sub-aproveitado, em prejuízo da necessária boa gestão.

Os daqui que se tornaram vencedores noutras terras, equivalem-se àqueles que, sem oportunidades alhures, conquistaram novos horizontes nas terras rondonienses, que os receberam tão bem, razão de merecer esta região o respeito, a gratidão, a devoção de alma e de espírito sejam eles executivos, empresários ou políticos.

Finalmente vale repetir ”ninguém é profeta na sua terra... e nem na sua casa”...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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