Terça-feira, 22 de julho de 2014 - 07h16
O advogado Rogério Borba, integrante do Coletivo dos Advogados do Rio de Janeiro (CDA), que presta assistência jurídica aos ativistas Eloísa Samy e David Paixão disse que orientou os dois a permanecerem no Consulado-Geral do Uruguai no Rio de Janeiro, em Botafogo, na zona sul da cidade, até que haja uma decisão sobre o pedido de habeas corpus apresentado ontem (21) à Justiça do Rio. O pedido foi feito pela Comissão de Defesa das Prerrogativas dos Advogados (Cedap) da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB/RJ).
“O HC [habeas corpus] está sendo apreciado ainda. Não há informação de uma manifestação oficial do consulado [sobre uma ordem para deixarem as instalações da representação do país], pelo menos não foi transmitido a mim nada. A situação é a mesma, vai ficando até quando der”, informou o advogado.
Eloisa Samy, David Paixão e a namorada dele, que é adolescente, chegaram ao consulado no início da tarde e pediram asilo político. A decisão de conceder ou não asilo político aos ativistas será tomada pela Embaixada do Uruguai, em Brasília.
O advogado Rodrigo Mondego, que também integra o CDA, disse que Eloísa Samy teve acesso hoje ao trecho referente a ela na denúncia do Ministério Público aceita pelo juiz da 27ª Vara Criminal da Capital, Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, que decretou na sexta-feira (18) a prisão preventiva de 23 ativistas.
Segundo Mondego, Eloisa, que também é advogada, ficou surpresa com os argumentos. “Ela ficou nervosa e começou a falar alto: é um absurdo. Estão me condenando à prisão baseado em um parágrafo”, comentou. Para o advogado, não há fundamento na acusação de que Eloísa deu assistência logística a ativistas em atos de violência nas manifestações no Rio. “Estão tirando a liberdade de uma pessoa com a argumentação de um parágrafo e a Justiça aceitou isso, o que é mais bizarro”, avaliou.
Os dois advogados deram as declarações na porta do Consulado-Geral do Uruguai, onde um grupo de manifestantes protesta contra a prisão dos ativistas e tramitem informações ao vivo pelas redes sociais.
No começo da noite, circulou a informação de que os ativistas deixariam o consulado uruguaio, o que não aconteceu, segundo os advogados. No entanto, apesar da orientação para que eles permaneçam no prédio, Borba disse que Eloísa Samy pode mudar de opinião e sair.
“Eu sou advogado dela e atuo na medida em que ela me consulta. Se ela resolver tomar qualquer medida sem me ouvir é da responsabilidade dela, porque ela também é advogada”, disse. O advogado disse que combinou com os ativistas de voltar ao consulado às 8 h de amanhã (22).
Do outro lado da rua, um grupo de policiais militares faz a segurança do local. No entanto, o carro com policiais da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Informática (DRCI) da Polícia Civil, que passou a tarde na porta do consulado, já havia deixado a região.
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