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Anísio Gorayeb

NO TEMPO DA LAMPARINA...


NO TEMPO DA LAMPARINA...  - Gente de Opinião

Até o final dos anos 60 nossa Porto Velho era muito diferente dos dias do hoje. A começar pela falta de estrutura, pois nem energia elétrica havia na cidade. Nas noites em que havia, o fornecimento iniciava no início da noite, por volta das 18:30 hs e encerrava  aproximadamente às 21:30 hs.

A grande curiosidade, é que quando o SAALFT (Serviço de Abastecimento de Água e Força do Território) ia desligar os motores, ocorria uma “piscada” na energia das nossas casas. Todos sabiam que cinco minutos após aquela “piscada” o fornecimento de energia seria suspenso.

Esse anúncio evitava que as pessoas saíssem tropeçando no escuro para localizar e acender as suas velas, lamparinas, lampiões e candeeiros. Por essa razão, ninguém dormia com ventiladores, pois não teria como liga-los sem energia.

As pessoas se protegiam dos mosquitos usando os tradicionais mosquiteiros de filó, chamados em outras regiões de cortinado. Esses mosquiteiros aumentavam ainda mais o calor, e por isso dormíamos com a janela aberta, o que era um hábito muito comum. Pode até parecer estranho, mas não havia risco nenhum, vivíamos em uma pacata cidade, sem violência. Impossível se fazer o mesmo nos dias de hoje.

Da mesma forma, acontecia com as geladeiras, sem energia elas funcionavam a querosene. Essas geladeiras eram da marca Gelomatic e eram muito caras. Poucas pessoas possuíam esse luxuoso utensílio doméstico. As maioria das pessoas bebia água armazenada em potes de barro.

Não tínhamos televisão e nem telefone, somente o rádio. Não havia muitos brinquedos, tínhamos que improvisar sempre. Fabricávamos nossos brinquedos de madeira: carros, aviões, caminhões, trens, espingardas, peões, estilingues e outras coisas. Outras vezes, colocávamos o cabo de vassouras entre as pernas e fingíamos estar galopando em um cavalo.

Não havia supermercados, frigoríficos e nem açougues. Os grandes centros de compras de alimentos eram: o Mercado Municipal (hoje Mercado Cultural), o Mercado do Km 1 (ainda em atividade) e o Mercado da Olaria, onde é atualmente o Corpo de Bombeiros da Rua Campos Sales.

A Casa Damour, que pertencia aos comerciantes Tufic Matny e Alberto Gorayeb, na Rua Henrique Dias em frente ao Mercado Municipal, era o local com maior variedade de alimentos e estivas em geral, chamados também de secos e molhados. Nos bairros tinham pequenas mercearias, as tabernas.

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Nada de acidentes de carro, visto que havia poucos veículos na cidade. Apenas alguns jipes, rurais e dois ou três aero-willis. Este último era tão luxuoso que era o carro oficial usado pelos governadores do antigo Território de Rondônia.

Nossos pais ouviam as noticias através da Voz do Brasil, transmitida pela Rádio Caiarí, e liam o Jornal Alto Madeira e Jornal Guaporé. Outras notícias também chegavam através das revistas Cruzeiro e Manchete.

As imagens eram conhecidas, por sinal com bastante atraso, no Canal 100.  Um noticiário apresentado nos cinemas antes dos filmes. Esses noticiários abordavam musica, moda, noticiário político e o mais aguardado, os gols dos jogos dos times cariocas e paulistas.

Andávamos descalços, tomávamos banho de chuva, mergulhávamos em rios e igarapés, bebíamos água da torneira e comíamos de tudo... Não se falava em colesterol, diabete, os triglicerídeos, stress e nem haviam inventado o termo bullying.

As crianças de hoje, com certeza não se adaptariam a viver em um tempo que não havia telefone celular, vídeo game, CD, DVD, blu-ray, computador, notebook, tablets, iphone, ipode, webcam, câmera digital, cartão de memória, internet, e-mail, twitter, facebook, whatsapp, etc...

Não havia nada virtual. Vivíamos uma relação mais próxima com os amigos, pessoas conversavam pessoalmente, se tocavam e se abraçavam. 

Até a próxima...

ANÍSIO GORAYEB

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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