Sexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Amazônias - Gente de Opinião
Amazônias

Pesquisadores vão mapear castanhais nativos


Pesquisadores vão mapear castanhais nativos  - Gente de Opinião

Bela e imponente, a castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa) é uma das árvores-símbolo da Amazônia, e tem merecido atenção especial da pesquisa devido à sua importância social, ecológica e econômica. Com o objetivo de conhecer melhor diversos aspectos relacionados à castanheira e ao seu ambiente natural, um grupo de pesquisadores está iniciando um projeto audacioso, que pretende mapear e modelar a ocorrência de castanhais nativos da Amazônia brasileira, por meio de geotecnologias, e caracterizar as relações sociais e econômicas de sistemas de produção, a fim de contribuir para o fortalecimento da cadeia de valor da castanha-do-brasil.

O projeto conta com nome e apelido: Mapeamento de Castanhais Nativos e Caracterização Socioambiental e Econômica de Sistema de Produção de Castanha-do-Brasil na Amazônia ou, simplesmente, MapCast. O trabalho contempla atividades em seis Estados da região norte – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e Rondônia – e em um do centro-oeste, o Mato Grosso. Atualmente não existe um mapa geral da ocorrência da castanheira na Amazônia brasileira e os estudos sobre a distribuição espacial dos castanhais podem ser cruciais para a definição de estratégias de manejo e conservação da espécie.

Mas a tarefa não é fácil. Devido à grande diversidade florística existente nas florestas tropicais, um dos desafios principais dos pesquisadores é realizar a identificação das castanheiras no ambiente natural, onde podem estar acompanhadas de uma multiplicidade de até 300 espécies por hectare. Para isso, o projeto prevê a utilização de dados oriundos de tecnologias digitais modernas, como sensores remotos de alta resolução e tecnologia de laser scanner.

Os pesquisadores também pretendem responder de que forma fatores como o clima, solo, diversidade e topografia, dentre outros, podem influenciar a ocorrência e abundância das castanheiras e a produção de frutos.
 

Caracterização socioambiental e econômica

Um dos objetivos do MapCast é realizar a caracterização socioambiental e econômica de sistemas de produção da castanha-do-brasil. Para isso, os pesquisadores vão buscar conhecer melhor alguns dos atores que compõem a cadeia produtiva, colhendo informações importantes desde a produção até a comercialização do produto. Hoje, mais de 55 mil pessoas têm seu sustento baseado no extrativismo da castanha, o que gera a necessidade de conhecimentos sobre os diferentes tipos de organização social das comunidades extrativistas e de suas relações com as áreas onde são coletadas as castanhas. Outra ação importante do projeto é definir quais são os principais fatores formadores do preço do produto nas regiões estudadas.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM), líder do projeto, Kátia Emídio, o trabalho terá a duração de 48 meses, e as informações coletadas durante o período serão importantes para o avanço do conhecimento sobre a castanheira. “Em especial nos aspectos relacionados ao seu ambiente natural de ocorrência, os principais sistemas de produção extrativista atualmente existentes, sendo os mesmos fundamentais para a adaptação e recomendação de práticas de manejo adequadas às particularidades das regiões da Amazônia, e o fortalecimento da cadeia de valor da castanha-do-brasil”, destacou.  
 

Instituições participantes

O projeto MapCast, desenvolvido em rede com um grupo multidisciplinar de pesquisadores, é liderado pela Embrapa Amazônia Ocidental, Unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. A equipe conta com representantes de outras Unidades da empresa, como a Embrapa Agrossilvipastoril (Mato Grosso), Embrapa Amapá, Embrapa Acre, Embrapa Amazônia Oriental (Pará), e Embrapa Roraima, além de outras instituições, como o Instituto Chico Mendes, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), Universidade Federal do Acre, Universidade Federal de Viçosa, Universidade de Brasília e Universidade Federal do Amapá. O MapCast integra o Arranjo de projetos da Embrapa intitulado “Tecnologias para o fortalecimento da cadeia de valor da castanha-do-brasil – TechCast”, que objetiva trabalhar aspectos ligados à conservação, manejo, comunicação e oportunidades de mercado, visando a melhoria na eficiência produtiva da castanha e o desenvolvimento social e econômico da Amazônia.
 

Castanheira-do-brasil

A castanheira-do-brasil ocorre em terras altas de toda a Bacia Amazônica. Além do aproveitamento dos frutos, a árvore tem aptidão madeireira, mas só pode ser explorada dessa forma em plantios, já que integra a lista do Ibama como espécie vulnerável. Em seu ambiente natural, as castanheiras atingem até 50 metros de altura, sendo uma das espécies mais altas da Amazônia. O fruto da castanheira (ouriço) tem o tamanho aproximado de um coco e pode pesar cerca de dois quilos. Possui casca muito dura, e abriga entre oito e 24 sementes, que são as apreciadas castanhas-do-brasil. Caso não sejam consumidas, as sementes demoram de 12 a 18 meses para germinar. Muitas delas são plantadas por cutias, que comem algumas das sementes e enterram as outras para comer mais tarde. As sementes esquecidas brotarão da terra para começar um período de vida da castanheira que pode chegar a até 500 anos.

_____________

Embrapa Amazônia Ocidental

Felipe Rosa

Gente de OpiniãoSexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Evento acontece nesta segunda com mais de 80 seringueiros sobre produção sustentável da borracha na Amazônia

Evento acontece nesta segunda com mais de 80 seringueiros sobre produção sustentável da borracha na Amazônia

Nesta segunda-feira, 26 de fevereiro, a partir das 9h, começa o 2º Grande Encontro Estadual do Extrativismo da Borracha, com mais de 80 seringueiros

Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território

Concertação pela Amazônia lança, na Cúpula, em Belém, documento com propostas para o território

A iniciativa Uma Concertação pela Amazônia chega aos Diálogos Amazônicos, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), nos dias 4 a 6 agosto, com sua terce

Cúpula da Amazônia: Organizações indígenas realizam Assembleia internacional para promover a importância dos territórios e povos no enfrentamento da crise climática

Cúpula da Amazônia: Organizações indígenas realizam Assembleia internacional para promover a importância dos territórios e povos no enfrentamento da crise climática

A 'Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia' reunirá, na cidade de Belém, no Pará, entre os dias 4 e 8 de agosto, representações regionais e naci

Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais

Preparatória para Cúpula da Amazônia debate futuro sustentável e prosperidade dos povos tradicionais

A Cúpula da Amazônia acontece nos próximos dias 8 e 9 de agosto, pela primeira vez, em Belém do Pará. O encontro é um marco das relações entre o Bra

Gente de Opinião Sexta-feira, 29 de março de 2024 | Porto Velho (RO)