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Gente de Opinião

Montezuma Cruz

A hora e a vez da sogra


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MONTEZUMA CRUZ

Reconhecer o papel da sogra é raridade. Homenageá-la, mais ainda. O médico veterinário, escritor e músico Klaus Marcus Paranayba já havia escrito Poemas para minha mãe bordar, em 2007. Em 2012 lançou Poemas para minha sogra me amar, assinando: “seu melhor genro”. O livro continua fazendo sucesso.

Em consogrados sonetos, o autor,“genro com devoção”, dedica-se inteiramente à sogra, desmitificando velhas e surradas frases de para-choque. Algumas: Minha sogra é mais chata que propaganda do Enem /Sou um grande vendedor de antiguidades, mas até hoje não consegui vender minha sogra / A única pessoa que não gosto de ver quando bebo é a minha sogra... porque vejo duas / Onde tem sogra, tem cobra.

Autor do prefácio do livro, o paraibano Carlos Pereira de Carvalho e Silva, diz que são poemas simples, “saídos do coração agradecido pelas atenções recebidas da mãe de sua mulher ao longo da vida”.

Quando nasceu tua filha,

Nasceu do amor uma aliança,
O amor quando pulsa, brilha
Princípio e confiança.

No portal Arte Peneirada, Klaus apresenta poesia, prosa, música e teatro. Mudou-se de Brasília para João Pessoa. Considera que a transição do estado de médico veterinário a escritor e músico, como do "estado" do Distrito Federal ao da Paraíba, é uma história que merece ser contada aos poucos.

E me entregas a doce flor no altar,

Como quem entrega uma roseira,
Com raiz irá se transplantar
Com os bons princípios da família inteira

Arte Peneirada foi inspirada em Peneirado, um livro que narra como o autor pega metrô errado e de repente chega a um lugar muito melhor do que havia programado chegar. Klaus assinala: “Fernando Pessoa desejava que seu trabalho servisse à evolução da humanidade. Compartilho desse mesmo pensamento em relação a todo trabalho que na terra é realizado. Vale aqui ressaltar que o diálogo da poesia com a música e o teatro aconteceu tão somente por haver um grupo especialíssimo de amigos que compartilhou – e compartilha – comigo sensações desse campo etéreo e materializável que é a arte”.

Na ficha técnica de Poemas para minha sogra me amar, a grata lembrança: O Dia da Sogra é 28 de abril. Marina Rübenich Palet ilustra o livro e Pedro Mascarin idealiza o site. Bom gosto para todos os gostos.

CONHEÇA O SITE

Arte peneirada

UM PEDAÇO DO LIVRO

Senhora e sagrada mãe
Operária da colmeia do amor
Genitora do mel da esperança
Reconstrói o horizonte no peito
A mando do Deus do perdão

Poeta até para a sogra (I)

Oh! Sogrinha encantada

Que vieste da Argentina,

Como surgiste do nada,
trazendo aquela menina?

Estes sonetos te faço
Do seio lá de Brasília,
Na minha vida o laço,
É o abraço de tua filha.

No Oratório do Soldado,
Uma Igreja mui singela,

Recebi emocionado

Aquela filha tão bela,
Nas mãos, um ser encantado,

Numa aliança sincera.

Poeta até para a sogra (V)

A mãe da minha mulher
Foi moça, jovem, bebê;
O amor é para quem quer
Aprender a se defender

E é também para sorrir,
Ser livre é ser bem feliz.

E por tudo o que há de vir,
O eterno é o bom juiz.

Assim, presto continência,

Às necessidades de outrem;

Se Jô, o Rei da Paciência,

Resistiu como ninguém,
Peço a ele resistência
E o divino amor também.

Poeta até para a sogra (VII)


Neste soneto termino
A saga da admiração;
Saber amar é o mínimo
De um genro com devoção.

A sogra, um espelho do Éden,

Seu fruto é sensacional;
Por que os genros repelem
Este ser tão ancestral?

Vou curtindo a velhinha
Em seus bolos de aniversário,
Fazendo-lhe cada festinha

Sem ser seu adversário,
Escrevendo com cada velinha,
Poemas a seu diário

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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