Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

João Paulo Viana

Sobre a liderança de Roberto Sobrinho (PT) na corrida eleitoral em Porto Velho


 
Indagado pelos amigos Marcos Braga Jr. e Roberto Kuppê

sobre o desempenho de Roberto Sobrinho (PT) na pesquisa Ibope publicada ontem pela TV Rondônia, resolvi escrever essas linhas na tentativa primordial de se desvencilhar, sobretudo, do senso comum, sempre predominante por aqui. Inicialmente, gostaria de pontuar algumas questões que nortearão a minha análise e nos ajudarão a compreender melhor.

1) Não é uma grande surpresa que Sobrinho apareça com pouco mais de 20% das intenções de voto.

2) Também não é correto, sob hipótese alguma, dizer que o eleitorado não sabe votar, que o povo é “burro”, etc...

3) Os 8 anos de governo Sobrinho em Porto Velho podem e devem ser analisados sob a perspectiva do antes e depois da reeleição em 2008.

4) O melhor cabo eleitoral de Sobrinho é o atual prefeito Mauro Nazif (PSB) – tbm o maior prejudicado com a entrada do petista no processo eleitoral.

5) Eleitores anti-Sobrinho fiquem tranquilos, Roberto não vencerá as eleições. Vamos lá.

 


Não é surpresa os 22% de Sobrinho na pesquisa de ontem. Nos bastidores da política local, pesquisas internas dos candidatos já anunciavam isso desde o período das convenções, o que certamente fez com o que o PT rondoniense passasse por cima do que sobrou da reserva ética e moral do partido, se é que restou algo disso. Afirmo não ser uma surpresa, pois essa fatia do eleitorado, muito provavelmente menos escolarizada, de baixa renda e residente em áreas mais afastadas, foi bastante beneficiada por Sobrinho durante sua gestão.

Como não recordar o programa de regularização fundiária, carro chefe do primeiro mandato, a construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), os milhares de quilômetros de asfalto onde desde sempre só havia poeira, além das milhares de famílias beneficiadas pelo bolsa família na capital? São essas questões citadas que demonstram que o eleitorado de Sobrinho não tem nada de burro, ou “não sabe votar”. Ora, eles mostram querer Roberto novamente porque, de certa forma, a vida deles melhorou durante a gestão do PT em Porto Velho. Essa é uma postura racional, eles votam porque ganharam algo em troca, seja o asfalto na sua rua, a UPA no bairro, ou a tão sonhada escritura de sua moradia. Isso para a classe média não é muita coisa, mas para essa fatia da população representou uma sensação de bem estar, de melhora em sua qualidade de vida, sensação essa nunca vivenciada antes.

Não obstante, quando eu divido a análise entre o primeiro e o segundo governo Sobrinho é porque, se num momento inicial, quando o governo federal despejava centenas de milhões de reais em Porto Velho e Sobrinho estava em céus de brigadeiro, sendo, inclusive, reeleito com quase 60% dos votos, o segundo governo petista, foi altamente DESASTROSO, apagando todo e qualquer lampejo de desenvolvimento e os avanços citados acima. Eu, eleitor de Roberto em 2008, posso afirmar com toda certeza que ele foi a minha maior decepção na política rondoniense. Porque ele nos deu esperança, pensávamos em 2008 que Porto Velho conseguiria avançar, ser a cidade dos nossos sonhos. Mas como disse a Eliane Brum, quando visitou nossa capital em 2009, Porto Velho era “a cidade que não estava lá”. Nos fins de 2012, ao ser afastado da prefeitura pela Justiça - e ver parte do seu staff sair em carreata para o presídio, Roberto caía na vala comum da imensa maioria dos políticos do estado.

Como símbolo da incompetência e da corrupção que marcaram o seu segundo governo ficaram os vários viadutos inacabados que há 8 anos “decoram” a paisagem portovelhense, para não falar de muitos e muitos problemas que se agravaram com o crescimento desordenado na era das usinas do Madeira. Entretanto, o que contribuiu, e muito, para o ressurgimento de Roberto na política local foi a péssima gestão de seu sucessor, Mauro Nazif (PSB), que, por motivo de espaço aqui, dispensa comentários.

A cidade está abandonada e os 62% de rejeição de Mauro revelam isso.

Nesse sentido, não tenho dúvida ao afirmar que Nazif é o maior “cabo eleitoral” de Roberto. Para concluir, venho tranquilizar os amigos: Roberto não vencerá as eleições. Mesmo que concorra, sua rejeição é muito alta (49%) e ele já chegou ao seu ápice. A tendência, ainda que ele vá ao segundo turno, é só cair...Contudo, muito provavelmente e se a Justiça permitir, terá uma eleição garantida à ALE-RO em 2018.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A crise na Bolívia e as novas eleições gerais

A crise na Bolívia e as novas eleições gerais

Escrito em parceria com o engenheiro e analista político boliviano Jorge Isaías Chavez Chavez (Fundación para el Desarrollo de la Amazonia).A insist

Sobre o direito de resposta concedido a Expedito Jr. ontem no debate da Bandeirantes/Faculdade Sapiens

Sobre o direito de resposta concedido a Expedito Jr. ontem no debate da Bandeirantes/Faculdade Sapiens

Ontem no debate Expedito Jr. (PSDB) teve garantido direito de resposta, depois que o Coronel Marcos Rocha (PSL) afirmou que Expedito teve o mandato de

Robert Michels, os partidos e as eleições 2018 em Rondônia

Robert Michels, os partidos e as eleições 2018 em Rondônia

Nas eleições de 2014 ao governo rondoniense, o então governador e candidato à reeleição, Confúcio Moura (PMDB) venceu, por uma pequena margem de votos

Gente de Opinião Sexta-feira, 19 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)